Publicado por Newton em Saúde

Como as vacinas são criadas?

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Tudo começou no início do século XVIII, quando na China, médicos e pesquisadores perceberam que algumas pessoas ficaram imunes ao vírus da varíola após passarem e sobreviverem a um surto da doença.

Ainda no século XVIII, o médico britânico Edward Jenner, que estudava a varíola, observou que vacas tinham feridas iguais às feridas provocadas pela doença no corpo de humanos. Ele também ouvia as pessoas dizerem que quem trabalhava com o gado não contraía a doença ou contraíam uma versão mais leve. Depois dessas observações, Edward resolveu fazer o seu primeiro experimento. Ele pegou pus das mãos de uma mulher que trabalhava na ordenha de vacas e inoculou um menino de 8 anos chamado James. Como a mulher havia contraído uma versão mais leve da doença, o menino teve apenas febre e algumas lesões e não desenvolveu a infecção completa da varíola. Depois que James se recuperou, Edward o contaminou novamente e dessa vez o menino não ficou doente, ou seja, ele estava imune. Estava aí criada a ideia para o desenvolvimento da primeira vacina.

Em 1798, o trabalho de Edward Jenner foi reconhecido e publicado, tínhamos oficialmente a primeira vacina. A varíola foi uma das doenças mais epidêmicas e mortais que já tivemos.

Pouco tempo depois, em 1822, nascia na França um dos maiores cientistas da nossa história, Louis Pasteur.

Pasteur revolucionou a química e a biologia com vários estudos e experimentos, como por exemplo a "teoria dos germes" e a "pasteurização", dentre outros.

Em 1878, Pasteur deixou germes de cólera se deteriorarem até estarem semimortos e então injetou-os em uma galinha saudável. Nada aconteceu com a galinha que continuou saudável. Depois de um tempo ele novamente injetou germes de cólera na mesma galinha, só que agora germes fortes e ativos, e a galinha continuou saudável. Então ele percebeu que os germes debilitados não tinham força suficiente para deixar a galinha doente e muito menos para matá-la, porém eles ativavam as defesas naturais do animal fazendo com que seu organismo produzisse uma reação à cólera suficientemente capaz de combater os germes com força total da doença. A ideia de vacinação já era conhecida e tanto Pasteur, como outros cientistas da época, usaram essa mesma técnica para proteger pessoas contra outras doenças como pólio, tétano, catapora, sarampo etc.

Outro destaque na criação de vacinas é o americano Albert Sabin, que no início da década de 60 aperfeiçoou uma vacina que ele e outros pesquisadores haviam criado contra a poliomielite. Ele passou a usar o vírus enfraquecido, porém ainda bem vivo, e isso deixou a vacina muito mais eficaz.

Sabin abriu mão de qualquer direito de patente da sua vacina, facilitando assim a produção. Sua vacina praticamente acabou com a doença em todo o mundo. No Brasil, a poliomielite é mais conhecida como paralisia infantil e se popularizou como a vacina da gotinha, que é aplicada oralmente.

Então a ideia de injetar versões enfraquecidas das doenças nas pessoas, a fim de induzir seus organismos a criarem uma resistência, salvou milhões de vidas e consolidou o estudo e o desenvolvimentos das vacinas.

Mas o processo de criação de uma vacina do início até sua conclusão não é nada fácil. No desenvolvimento de vacinas é exigido altos padrões de qualidade, diversos procedimentos devem ser seguidos e várias fases devem ser cumpridas. Depois de todos os estudos e todos os testes, o resultado final é avaliado pelos órgãos de saúde responsáveis para somente depois de uma análise criteriosa, ser aprovada e distribuída para a população.

As três principais fases do desenvolvimento (sim, são três principais porque embora se fale mais nelas, antes dessas três há outras duas fases com a mesma importância), basicamente são testes em humanos e análise do comportamento das cobaias.

Primeiro se aplica a vacina em poucas pessoas, normalmente dezenas, mas sempre menos que uma centena. Esse é o primeiro teste, mais cauteloso, que tem o objetivo verificar se o que está sendo aplicado é seguro, ou seja, que não vai gerar um efeito colateral grave, nem desenvolver a doença e muito menos matar a pessoa que está recebendo o teste.

Se tudo correr bem, então passa-se para a segunda fase que consiste em aplicar os mesmos testes, só que agora em uma quantidade maior de pessoas. Nessa fase dois, além de observar a segurança, também se analisa a eficácia da vacina, ou seja, se as pessoas testadas estão ficando mesmo imunes.

Na terceira fase, os testes também são os mesmos, só que agora são aplicados em milhares de pessoas. Já são testes quase conclusivos e a vacina já está quase pronta.

Somente essas três fases de testes já podem demorar anos, pois depois de aplicados os testes, ainda é preciso esperar um tempo para se observar e analisar a reação das pessoas.

Além dessas três fases, há outras três fases iniciais, que são:

Fase 1: Análise do patógeno, no caso, o vírus. É nessa análise que os cientistas estudam e entendem o vírus no laboratório.

Fase 2: A produção do antígeno, que é um pedacinho do vírus. Ainda no laboratório, os cientistas "quebram" o vírus em pedaços deixando-o inativo e enfraquecido. Esses pedacinhos serão responsáveis por acionar o sistema imunológico, que por sua vez vai produzir os anticorpos.

Fase 3: Por fim, depois de todos os estudos em laboratório, ainda é preciso aplicar os testes em animais, esperar e estudar os resultados, para somente depois começar a aplicação dos mesmos testes em humanos, entrando assim nas três últimas fases.

Além de tudo isso, depois dos testes finais serem concluídos e homologados, para que a vacina fique disponível para a população, ainda tem a produção em larga escala e o planejamento da logística de distribuição.
 


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